A ideia de que a demanda de especiarias resultava da necessidade de disfarçar o gosto da
carne e do peixe putrefatos é um dos grandes mitos da história da alimentação. Na Europa
medieval, os alimentos frescos eram mais frescos que os atuais, pois provinham da produção
local. Os alimentos em conserva mantinham-se em salga, curtição, dessecação ou gordura, assim
como hoje em dia são enlatados, refrigerados, liofilizados ou embalados a vácuo. De qualquer
forma, os aspectos determinantes do papel desempenhado pelas especiarias na gastronomia
eram o gosto e a cultura. A cozinha muito temperada com especiarias era objeto de desejo por ser
cara e por “condimentar” a posição social dos ricos e as aspirações de quem ambicionava sê-lo.
Além disso, a moda gastronômica predominante na baixa Idade Média europeia imitava as
receitas árabes, que exigiam sabores doces e ingredientes fragrantes: leite de amêndoa, extratos
de flores aromáticas e outras iguarias orientais.
(Adaptado de Felipe Armesto-Fernández, 1492: o ano em que o mundo começou. São Paulo: Companhia das Letras,
2017, p.27).
A partir do texto acima e de seus conhecimentos históricos:
a) defina o que são as especiarias e explique seu significado social na Europa medieval.
b) explique como era feito o comércio de especiarias na baixa Idade Média.
Respostas comentadas:
a) Especiarias são produtos considerados "especiais" e com alto valor no mercado, pois se trata de temperos e comidas exóticas. Que provinham de lugares distantes da Europa, como a Índia. A posse e o uso das especiarias significavam status e poder na Europa Medieval.
b) As especiarias chegavam à Europa por vias terrestres e marítimas. Depois de percorrerem longos caminhos na Ásia Central até o Mediterrâneo, eram distribuídas nos grandes centros europeus e nas feiras do interior. A busca constante desses produtos foi um dos fatores que impulsionaram as Grandes Navegações.