Leia os versos de Alberto Caeiro
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.
(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)
a) Que sentido tem no texto a comparação do olhar do eu lírico com o de uma criança?
b) Que recurso estilístico o poeta utiliza em “O meu olhar é nítido como um girassol”? Como ficaria o verso caso, mantendo o sujeito e o verbo da oração original, tal recurso fosse transformado em uma metáfora?
➥ Resposta(s) comentada(s):
a)
Para ilustrar a ideia de que ele se surpreende continuamente com a
realidade (“E o que vejo a cada momento/ É aquilo que nunca antes eu
tinha visto”), o eu lírico aproxima suas experiências de contato com a
realidade com as de uma criança, para quem tudo é uma "eterna novidade",
como se ele nascesse a cada momento. Trata-se de uma comparação que tem
como objetivo ressaltar a acuidade de sua visão de mundo em constante
alerta (“Sei ter o pasmo comigo”), como é a de uma criança em seus
primeiros contatos com o mundo.
b) No verso "O meu olhar é nítido como um girassol", ocorre uma comparação, estabelecida entre a nitidez do olhar do eu lírico e um girassol, por meio de um conector de semelhança (como). Transformando a comparação em metáfora, e mantendo sujeito e verbo originais, o verso ficaria: O meu olhar é um girassol. (Outra possibilidade, em que se explicitaria que a relação de similaridade se deu pela nitidez, seria: O meu olhar é um nítido girassol).
b) No verso "O meu olhar é nítido como um girassol", ocorre uma comparação, estabelecida entre a nitidez do olhar do eu lírico e um girassol, por meio de um conector de semelhança (como). Transformando a comparação em metáfora, e mantendo sujeito e verbo originais, o verso ficaria: O meu olhar é um girassol. (Outra possibilidade, em que se explicitaria que a relação de similaridade se deu pela nitidez, seria: O meu olhar é um nítido girassol).
