O ano de 1968 foi modelar: protestos, tumultos e motins em Praga, Chicago, Paris, Tóquio, Belgrado,
Roma, México, Santiago... Da mesma maneira que as epidemias medievais não respeitavam as fronteiras
religiosas nem as hierarquias sociais, a rebelião juvenil anulou as classificações ideológicas.
No México, as reivindicações se resumiam a uma palavra: democratização. Os jovens pediram repetidas
vezes “diálogo entre o governo e os estudantes”. A atitude dos estudantes dava ao governo a possibilidade
de reorientar sua política. Bastaria ouvir o que o povo dizia por meio das reivindicações juvenis; ninguém
esperava uma mudança radical, mas sim maior flexibilidade e uma volta à tradição da Revolução Mexicana,
que nunca foi muito dogmática e sim muito sensível às mudanças no ânimo popular.
(Adaptado de Octavio Paz, O labirinto da solidão. São Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 215; 222.)
A partir do texto e de seus conhecimentos,
a) caracterize o sistema político mexicano em 1968 e indique um aspecto da Revolução Mexicana (1910-
1917) reivindicado pelos estudantes naquele contexto;
b) cite dois instantes do protagonismo juvenil na história brasileira após 1960.
a) Embora formalmente uma democracia, o México foi dominado durante décadas por um único partido, o PRI (Partido Revolucionário Institucional). No âmbito dos acontecimentos de 1968, o governo demonstrou um caráter conservador e autoritário, reprimindo manifestações de oposição. Assim como na época da Revolução Mexicana, parte da população, em especial a juventude, reivindicava maior liberdade, representatividade e diálogo com o governo; em suma, a democracia.
b) É possível apontar:
- as manifestações de oposição à ditadura militar, desde passeatas até o engajamento em grupos guerrilheiros;
- o movimento dos "caras pintadas", que em 1992 foi às ruas em oposição ao presidente Collor;
- as manifestações de 2013, que, de forma geral, protestavam contra a corrupção e pela melhoria dos serviços públicos;
- a ocupação estudantil de escolas públicas, em diversos estados, em 2016, em que se protestou contra as reformas educacionais propostas pelo governo vigente.